quarta-feira, 18 de julho de 2012


original 10 Revisitando Willy Wonka e <i>A Fantástica Fábrica de Chocolate</i> em Blu ray
Áudio: Inglês, português, espanhol, francês, italiano.
Legendas: Inglês, português, espanhol, francês, italiano, dinamarquês, holandês, finlandês, norueguês, sueco, alemão.
99 min. Technicolor. Produção de David L.Wolper. Roteiro de Roald Dahl baseado em livro de sua autoria, Charlie and the Chocolate Factory. Fotografia de Arthur Ibbertson. Canções de Leslie Bricusse e Anthony Newley.
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Direção musical de Walter Scharft. Direção de arte de Harper Gofff. Com Gene Wilder, Jack Albertson, Peter Ostrum, Roy Kinnear, Audrey Woods, Michael Bollner e Ursula Reit.
Sinopse: Quando encontram um cupom dourado dentro do chocolate Wonka, cinco crianças de diversas partes do mundo tem a chance de conhecer sua famosa fábrica.
Entre eles, um garoto muito pobre Charlie Bucket, que vive com a mãe num casebre (onde seus quatro avós estão entrevados numa mesma cama).
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Bastidores: Fracasso absoluto quando estreou nos cinemas brasileiros, o filme virou cult quando começou a ser exibido dublado em português, pela Rede Globo, em sua “Sessão da Tarde”. Foi Indicado ao Oscar de trilha musical (uma categoria que não existe mais, que era especial para filmes musicais com mais de quatro canções).
O autor do livro original era norueguês, radicado na Inglaterra, Roald Dahl (1916-90),  foi casado com a atriz  Patrícia Neal (na fase em que ela quase morreu de derrame) entre 1953 –83. Escreveu roteiros para cinema(007, Vive-se Só Duas Vezes/ You Only Live Twice, 1967, O Calhambeque Mágico/Chitty Bang Bang, 1969, Danny, o Campeão do Mundo, Danny, the Champion of the World, 89, As Bruxas, The  Witches, 90, e teve uma série de TV apresentada por ele mesmo, Roald Dahl´s Tales of the Unexpected, em 1979.
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Seu livro Matilda (Idem), foi dirigido e estrelado por Danny De Vito, em 1996 e atualmente faz  sucesso como musical em Londres. Ele sempre afirmou que não gostava do filme e já estava morto quando ele foi refeito por Tim Burton.
O compositor Leslie Bricusse (1931) também inglês, ganhou Oscar de canção por O Fabuloso Doutor Dolittle (Doctor Dolittle, 1967) e indicações por Adeus Mr. Chips, 1969 e Willy Wonka. Entre outros trabalhos fez também Victor/Victoria, 1982,  A Vingança da Pantera Cor de Rosa, 1978, Superman, 1978, etc.
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O ator, cantor e diretor Anthony Newley  (1931-1999), seu parceiro, foi ator infantil do Oliver Twist de David Lean, 1948, depois pop star, cantor, diretor de cinema, marido de Joan Collins. Jack Albertson (1907-81) que faz o avô, ganhou Oscar de coadjuvante por A História de Três Estranhos (The Subject was Roses, 68) justamente com Patrícia Neal e ficou popular com a série de TV Chico and the Man (74-77).
Gene Wilder (1934), também diretor e roteirista, revelado por Mel Brooks, foi casado com a comediante Gilda Radner (1946-1989). Desde então foi diminuindo seu trabalho até se aposentar. A refilmagem de 2005 se chamou A Fantástica Fábrica de Chocolates (Charlie and the Chocolate Factory) e foi feita por Tim Burton.
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Produção de Richard Zanuck. Roteiro de John August. Com Johnny Depp (como Wonka), Freddie Highmore, David Kelly, Helena Bonham Carter, Noah Taylor, Missi Pyle, James Fox, Christopher Lee, Deep Roy.
Eu gostei do filme e escrevi na época: Esta refilmagem é melhor que o original, porque ao mesmo tempo é mais fiel ao livro e ao estilo e temática do diretor. Arrisco dizer que é o melhor filme dele desde os outros que fez com Johnny Depp, Ed Wood e Edward Mãos de Tesoura.
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Um exemplo são as simpáticas referências que contém a filmes como ao monólito de 2001, a cena do chuveiro de Psicose, A Mosca, ao Show de Oprah e os vários filmes do próprio Burton.
Por outro lado, tem momentos que são, sem dúvida, dark, por vezes macabros (por exemplo, antropofagia), principalmente na criação que Depp faz do dono da fábrica ( Burton lhe deu um banho de computador, ou seja, ele limpou as rugas e traços de Wonka e das crianças, deixando-as quase como bonecos).
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O personagem tem os traços de um neurótico compulsivo, com problemas com seu pai e relações afetivas. O roteiro segue quase ao pé da letra o texto de Da (que já era bizarro o suficiente) apenas expandindo em certos detalhes (como ele encontrou o Oompa-loompas) e principalmente mostrando muito bem a relação com o pai dentista que detestava doces que é interpretado pelo grande Christopher Lee.
Assim o roteiro responde certas perguntas (por exemplo, por que Charlie não vende o talão premiado já que a família é pobre e precisa tanto de dinheiro?). E depois, ao final, se estende para ter uma conclusão ampliada e mais bem resolvida.
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Mas em praticamente tudo Burton acertou, inclusive na concepção dos empregados Oompa-Loompas (que é sempre feito por uma mesma pessoa, Deep Roy e que acaba interpretando como lounge e show, as únicas canções da fita). Aliás, pela concepção visual do filme já se sente que o espetáculo é perturbador, não é um mero filme para crianças. E também pela entrada de Wonka, detrás da um cenário em chamas.
Tudo é uma fábula muito clara, em que a moral da história enunciada é culpar os pais por mimarem os filhos (deixando-os gordos ou insuportáveis) ou os educarem da maneira errada (para serem por demais competitivos) ou assistirem televisão com exagero). Mas não é fácil e nem simples. É complexo como a vida.
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O original
Devo confessar que eu nunca havia visto o filme original inteiro até agora e foi em Blu-ray (a cópia é normal, não acrescenta muito, mas naturalmente deixa tudo mais nítido, mas não bonito porque o visual anos 70 é feio demais).
Talvez preconceito meu, mais provável falta de oportunidade. O fato é que o filme não fez sucesso na sua estreia, mas aos poucos foi conquistando espaço (alguns pais nos EUA reclamaram) e virou cult (tanto que o coloquei numa edição de os cult movies do século 20, mas quem escreveu o texto foi meu assistente Felipe Goulart, que havia se apaixonado pelo filme através da Rede Globo, aliás, como milhares de crianças).
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Num excelente Making of que vem na edição chamado Pure Imagination The Story of Willy Wonka, o diretor Mel Stuart, que era mais especializado em documentários de televisão, conta que foi sua filha de 10 anos quem lhe deu o livro com a recomendação que o transformasse em filme junto com o parceiro, o produtor David L. Wolper (1928-2010).
Este foi atrás do dinheiro e conseguiu através de uma jogada, convenceu uma fábrica real de chocolate a lançar um novo tablete que se chamaria justamente Wonka. Foi assim que conseguiram 2 milhões de dólares (relativamente pouco) com que realizaram o filme, com bastante economia (rodaram tudo em Munich, porque os exteriores não pareciam nenhum lugar específico).
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O excelente Wilder, revelado por Mel Brooks em Primavera para Hitler,Banzé no Oeste, Jovem Frankenstein, só aceitou o papel do Wonka caso lhe deixassem aparecer mancando e depois dar a cambalhota (achava que era única forma de deixar claro que ele era um mentiroso e não podia ser levado a sério).
Isso foi lhe concedido e Wilder é a hoje a figura mais doce e ao mesmo tempo cínica que já se viu num filme infantil. Mel e Wolper não queriam muitas canções, mas ainda assim toparam  várias, a muito bonita Pure Imagination, a recorrente canção dos Ooompa-Loompa, uma canção para a mãe Cheer Up Charlie (meio desnecessária), a do avô (que de repente fica curado! Ou fingia. Se chama Golden Ticket).
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Uma horrível da menina chata e malcriada (I Want it Now). E naturalmente a primeira a aparecer, que se tornou um grande êxito na voz de Sammy Davis Jr., que foi o primeiro a gravá-la e queria estar no filme (os produtores não concordaram).
Como eram os anos 70, Candyman (o vendedor de doces) acabou virando gíria para traficante de drogas. Uma curiosidade: o filme originalmente pertencia a Quakers (que havia posto a grana) e virou da Warner, quando ela comprou a produtora de Wolper.
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O roteiro é de David Seltzer (que depois escreveu muitos sucessos comoA Profecia, O Mistério da Libélula, Cinema Verité e dirigiu A Inocência do Primeiro Amor) que confessa que não tinha ideia de como fazer um filme infantil e que inventou de última hora e de surpresa a cena final (que todos elogiam). Reparem também como tudo que Wonka fala é citação de alguma obra literária de Keats, Shakespeare, Oscar Wilde e outros.
Tenho dificuldade para entender como se tornou cult e admirado por toda uma geração de crianças que hoje mantém uma memória afetiva do filme quando, na verdade, tem uma direção de arte de gosto duvidoso, uma produção feia, pobre e um ritmo lento, com músicas desnecessárias.
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Custa realmente a começar e a visita a fabrica só vai suceder depois de 43 minutos. E quando isso sucede tudo é muito brega, antiquado e inconvincente. É verdade que o tempo passou, mas mesmo na época, vendo cenas, já me assustava!
É muito difícil encontrar magia e fantasia em sets tão mal concebidos e amadores. Até porque hoje os efeitos de projeção (como na sequência do túnel) ficaram superados. Assim como a direção das crianças que parece exagerada, ou será que elas simplesmente são chatas e insuportáveis?
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Sua maior qualidade, como já disse, fora a história propriamente dita, é a interpretação que Gene Wilder deu ao personagem do dono da fábrica Willy Wonka, dentro de seu estilo nervoso e neurótico.
Joel Grey foi a primeira escolha para Willy Wonka, mas descartado por ser pequeno demais. Depois Ron Moody de Oliver o recusou. O autor Dahl queria o humorista inglês Spike Milligan. Jon Pertwee também recusou.  Todos os 6 membros do Monty Python (Graham Chapman, John Cleese, Eric Idle, Terry Gilliam, Terry Jones and Michael Palin) queriam o papel, mas ainda não eram famosos.
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Acho justo, porém colocar o trecho final do texto do Felipe, que diz: "O grande segredo cult da fita está no fato de que as crianças apreciam quando há uma justiça poética, e os garotos de mau comportamento recebem uma lição. Divertido, assustador e intrigante. E naturalmente tudo com o chocolate que as crianças adoram. Com sua mensagem passada de maneira menos óbvia do que parece, A Fantástica Fabrica de Chocolates é provavelmente o melhor filme desse tipo desde O Mágico de Oz. Ao menos pensam assim seus milhares de admiradores no mundo todo”.
A edição tem ainda 4 sing along e documentário da época, trailer de cinema e comentário em áudio com os atores agora adultos que fizeram as crianças. É curioso saber o que eles se tornaram:  Peter Ostrum, que faz Charlie Bucket, hoje é veterinário e nunca mais fez outro filme.
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Deles todos, a única que ainda trabalha (com dublagem especialmente) é Julie Dawn Cole (a que tem a canção malcriada e diz que odiava chocolate). Tanto Denise Nickerson (Violet Beauregard) e  Julie Dawn Cole (Veruca Salt) confessam que tinha uma paixonite por Bob Roe, que era filho do primeiro diretor assistente Jack Roe.
Outras profissões: Augustus virou consultor judiciário, Violet chegou a fazer a série Night Shadows, mas hoje é contadora, Mike hoje é consultor financeiro de produções de cinema (faz orçamentos). Outra detalhe a comentar: a absurda diferença entre o que é dito na versão nacional (dublada) e nas legendas! Mostra que não se pode confiar nunca em traduções, que são sempre traições!
Explicando melhor: Quem financiou o filme foi a firma famosa Quaker Oats Company. Mas o chocolate que lançaram por causa de um erro na fórmula fazia que derretesse muito fácil, ainda na loja. Não deram certo e a Quaker  vendeu para a Sunline, Inc. (que depois ficou parte da Nestlé via Rowntree) e conseguiu tornar a marca um successo e ainda existe nos EUA.
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O livro se chamava Charlie and the Chocolate Factory', mas mudaram para ajudar na venda dos chocolates. A cena de abertura foi filmada na fábrica da Tobler na Suíça!

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